Liberdade

SOMOS INDIVÍDUOS LIVRES?

TEMOS NOSSA PRÓPRIA IDENTIDADE?

algemas_400 Por Elcio Rosa

Não. Não somos indivíduos livres, ainda, exatamente porque estamos presos a uma falsa noção de identidade. Nossa noção de identidade está atada àquilo com o que nos identificamos.

Não devemos confundir identidade (consciência da constância da própria personalidade) com individualidade (conjunto de atributos que caracteriza um indivíduo).

Ao perguntarmos a uma pessoa “quem é você?” provavelmente a resposta que ouviremos é: “Eu sou fulano de tal, sou médico, engenheiro, dentista... sou pai de família... moro na rua tal... etc.”

Imaginemo-nos vestidos apenas com um manto. Sem nossas roupas, sem nosso carro, sem nossa casa, sem nossos títulos, familiares, parentes e amigos; quem somos nós?

Nós poderemos estar médicos, engenheiros, dentistas, com esse ou aquele nome, etc., porém não somos isso. Nossa noção de identidade está presa ao que julgamos possuir. É evidente que, enquanto humanos participantes de uma sociedade, temos de “jogar o jogo”, mas só seremos indivíduos verdadeiramente livres quando tivermos a consciência de que, o que “possuímos”, faz parte do “jogo” social do qual participamos, mas não é a essência do que realmente somos.

Nós somos “atores” interpretando papeis de um script, presos a esse script e acreditando ser o personagem. Quando tivermos total consciência disso, seremos livres.

No Mito da Caverna de Platão podemos perceber a inconsciência do ser humano, a ilusão em que ele vive.

Liberdade é poder escolher conscientemente. Uma pessoa quer comprar uma Mercedes, como não tem recursos “escolhe” um Fusca. Isso é liberdade? Isso é escolha?... ou é apenas uma condição circunstancialmente imposta? Poder escolher é poder “sim” e poder “não” e, podendo as duas coisas, deliberar e partir para a ação de optar por aquilo que julga ser melhor.

Na maior parte das vezes somos meros fantoches manipulados pelo senso comum, outras vezes pelas nossas emoções ou ainda pelas nossas necessidades. Quando compramos algo só porque está na moda, não fazemos uso do nosso poder de escolha, apenas somos induzidos pelo senso comum. Quando reagimos agressivamente a algo que nos atinge, estamos manifestando o arquétipo da ira, pois não propomos, não deliberamos nem agimos conscientemente, simplesmente reagimos a algo. Temos vontade de adquirir um carro econômico, mas, movidos pela “necessidade” de equiparação social, acabamos comprando um carro mais bonito e potente. Tudo bem que se faça isso, porém tem de ser com consciência, caso contrário somos apenas fantoches.

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