Carta aos Petistas (Marcelo Tas)

Por não ser petista,  sempre fui considerado "de direita" ou "tucano" pelos meus amigos do  falecido Partido dos Trabalhadores.
Vejam, nunca fui  "contra" o PT. Antes dessa fase arrogante mercadântica-genoínica, tinha  respeito pelo partido e até cheguei a votar nos "cumpanheiro".
A  produtora de televisão que ajudei a fundar no início da década de  80,  a Olhar Eletrônico, fez o primeiro programa de TV  do PT. Do qual aliás, eu não participei.
Desde o início,  sempre tive diferenças intransponíveis com o Partido dos Trabalhadores.  Vou citar duas.
Primeira: nunca engoli o comportamento  homossexual dos petistas. Explico: assim como os viados, os petistas  olham para quem não é petista com desdém e falam: deixa pra lá, um dia  você assume e vira um dos nossos.
Segunda: o nome do  partido. Por que "dos Trabalhadores"? Nunca entendi. Qual a intenção?  Quem é ou não é "trabalhador"? Se o PT defende os interesses "dos  Trabalhadores", os demais partidos defendem o interesse de quem? Dos  vagabundos?
E o pior, em sua maioria, os dirigentes e  fundadores do PT nunca trabalharam.
Pelo menos, quando eu  os conheci, na década de 80, ninguém trabalhava. Como não eram eleitos  para nada, o trabalho dos caras era ser "dirigentes do partido". Isso  mesmo, basta conferir o currículum vitae deles.
Repare no  choro do Zé Genuíno quando foi ejetado da presidência do partido. Depois  de confessar seus pecadinhos, fez beicinho para a câmera e disse que no  dia seguinte ia ter que descobrir quem era ele. Ia ter "que sobreviver"  sem o partido. Isso é: procurar emprego. São palavras dele, não minhas.  
Lula é outro que se perdeu por não pegar no batente por  mais de 20, talvez 30 anos... Digam-me, qual foi a última vez, antes de  virar presidente, que Luis Ignácio teve rotina de trabalhador? Só quando  metalúrgico em São Bernardo. Num  breve mandato de deputado, ele fugiu da raia. E voltou pro salarinho de  dirigente de partido. Pra rotina mole de atirar pedra em vidraça.  
Meus amigos petistas espumavam quando eu apontava esse  pequeno detalhe no curriculum vitae do Lula. O herói-mor do Partido dos  Trabalhadores não trabalhava!!!
Peço muita calma nessa  hora. Sem nenhum revanchismo, analisem a enrascada em que nosso  presidente se meteu e me respondam. Isso não é sintoma de quem estava há  muito tempo sem malhar, acordar cedo e ir para o trabalho. Ou mesmo sem  formar equipes e administrar os rumos de um pequeno negócio, como uma  padaria ou de um mísero botequim?
Para mim, os vastos anos  de férias na oposição, movidos a cachaça e conversa mole são a causa da  presente crise. E não o cuecão cheio de dólares ou o Marcos  Valério.
A preguiça histórica é  o que justifica o surto psicótico em que vive nosso presidente e seu  partido. É o que justifica essa ilusão em Paris...misturando champanhe  com churrasco ao lado do presidente da França...outro que tá mais  enrolado que espaguete.
Eu não torço pelo pior. Apesar de  tudo, respeito e até apoio o esforço do Lula para passar isso tudo a  limpo. Mesmo, de verdade.
Mas pelamordedeus, não me venham  com essa história de que todo mundo é bandido, todo mundo rouba, todo  mundo sonega, todo mundo tem caixa 2...
Vocês, do PT, foram  escolhidos justamente porque um dia conseguiram convencer a maioria da  população (eu sempre estive fora desse transe) de que vocês eram  diferentes. Não me venham agora querer recomeçar o filme do início  jogando todos na lama.
Eu trabalho desde os 15 anos. Nunca  carreguei dinheiro em mala. Nunca fui amigo  dessa gente.
Pra terminar uma sugestão para tirar o PT da  crise. Juntem todos os "dirigentes", "conselheiros", "tesoureiros",  "intelectuais" e demais cargos de palpiteiros da realidade numa grande  plenária. Juntos, todos, tomem um banho gelado, olhem-se no espelho,  comprem o jornal, peguem os classificados e vão procurar um emprego para  sentir a realidade brasileira.
Vai lhes fazer muito bem.  E quem sabe depois de alguns anos pegando no batente, vocês possam  finalmente, fundar de verdade um partido de trabalhadores.  
Texto de Marcelo Tas em  seu blog.
Marcelo é jornalista,  autor e diretor de TV. Entre suas obras destacam-se; participação na  criação das séries "Rá-Tim-Bum", da TV Cultura e o "Programa Legal", na  TV Globo. Atualmente é âncora do CQC, editado pela TV  Band.
http://marcelotas.blog.uol.com.br/arch2005-07-16_2005-07-31.html

Um comentário:

Francisco de Sousa Vieira Filho disse...

Petista pensando: é melhor levar um chute "lá" que receber uma carta como essa... :D