Cidades: evolução e impacto – Ricardo Rose

A população urbana está aumentando em todo o mundo. A industrialização, trazendo melhores condições de trabalho, está levando milhões de pessoas - principalmente na Índia e na China - a se mudarem do campo para a cidade. No Brasil, já somos mais de 83% da população vivendo nos espaços urbanos formados, principalmente, por aglomerações de pequeno porte, com menos de 20 mil habitantes. Este é um fenômeno que merece uma análise mais detalhada. Nunca, em nenhum período anterior, uma parcela tão elevada da população viveu nesta invenção relativamente recente da história humana: a cidade.

Os primeiros núcleos urbanos surgiram entre 5.500 e 6.000 anos atrás, na região da Suméria, onde hoje se localiza o Iraque e a Síria. Segundo os arqueólogos, estas aglomerações humanas tinham inicialmente uma função religiosa, ou seja, eram locais de culto e não de moradia; algo comparável aos atuais centros de romaria religiosa. No decorrer dos séculos estes locais passaram a atrair uma população cada vez maior, formada principalmente por artesões e comerciantes, que vendiam objetos e víveres aos romeiros. Mais tarde, a hierarquia religiosa que controlava o templo também passou a assumir funções administrativas, organizando as principais atividades da nascente cidade. Estes antigos núcleos urbanos foram crescendo, até desenvolverem os rudimentos das estruturas administrativas que hoje encontramos em na cidade moderna. Assim, depois de vagar por 50 mil anos pela Terra, o homo sapiens acabou criando a cidade.

Foi na cidade que se desenvolveram e divulgaram algumas das mais importantes invenções da história humana: o estado e sua administração, a religião organizada, a escrita, o comércio e toda a cultura humana, entre as principais. Não fossem as cidades e as interações sociais que estas proporcionam à nossa espécie, não teríamos quase nenhum tipo de tecnologia; ficaríamos até hoje provavelmente limitados aos machados, facas, arco e flecha; ao domínio do fogo, do arado primitivo, da cabana e, talvez, da carroça e da roda.

Hoje se aglomeram bilhões de pessoas nas cidades; consumindo imensas quantidades de água, energia, matérias primas e produtos de todos os tipos. Imensas filas de automóveis, ônibus, caminhões, metrôs e trens transportam pessoas e mercadorias para dentro, para fora e através das cidades. Com toda esta atividade são geradas montanhas de resíduos; fumaça, efluentes e lixo. O impacto humano sobre o planeta é cada vez maior; consumimos cada vez mais recursos, aumentando a destruição do ambiente natural - o mesmo ambiente que cria as condições para que nossa espécie, junto com muitas outras, possa continuar habitando o planeta.

É por este motivo que as administrações municipais têm um papel cada vez mais importante no âmbito local, regional e mundial. A soma dos erros praticados pelas cidades em relação ao ambiente pode ter um grande impacto em vastas regiões, talvez até em toda a Terra. Uma administração municipal voltada para a boa gestão dos resíduos urbanos, da organização do transporte público, da construção e do planejamento territorial; entre outras providências, também está contribuindo para reduzir o impacto das atividades sobre o ambiente, promovendo a preservação de recursos.

Nenhum comentário: