Com o desenvolvimento de sua economia, o país precisa investir mais em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Apesar dos recursos governamentais e privados destinados a esta área estarem aumentando ao longo dos últimos cinco anos, ainda estão aquém daquilo que é necessário para um país com o tamanho e potencial econômico do Brasil.
Um dos setores onde ainda ocorrem poucos investimentos em P&D – apesar da crescente demanda do setor – é o das tecnologias de meio ambiente, especificamente para redução da poluição ambiental; seja de forma preventiva ou corretiva. Isto faz com que a maior parte das técnicas utilizadas nesta área seja uma adaptação daquelas já amplamente difundidas na Europa e nos Estados Unidos. Em outras situações, equipamentos e produtos são adquiridos diretamente no exterior, ou trazidos ao mercado através de parcerias de empresas nacionais com as estrangeiras, detentoras das patentes. Fato é que existe pouco desenvolvimento local de tecnologias ambientais, tanto por empresas quanto universidades.
Alguns fatores contribuem para que isso ocorra. No aspecto da capacitação profissional, ainda é bastante reduzido o número de doutorados com foco no setor ambiental. Em uma pesquisa que realizamos no ano de 2007, registramos cerca de 150 doutorados focados neste tema em todo o Brasil. Sob ponto de vista tecnológico, igualmente é muito baixo o número de patentes – idéias ou projetos registrados. Baseados em dados coletados, estimamos que em 2007 foram registradas 10 patentes na área ambiental – quantidade reduzida em relação a um total de 384 registros realizados em todas as áreas tecnológicas naquele mesmo ano.
Outro aspecto é que a cooperação entre a universidade e o setor privado ainda é bastante limitada. Segundo dados disponíveis, somente 12% dos técnicos das universidades têm algum envolvimento com a indústria. Do lado da indústria são pouquíssimas as empresas que dispõem de cetros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias, geralmente limitados a algumas poucas filiais de empresas multinacionais.
As causas principais deste diminuto desenvolvimento das pesquisas na área ambiental são diversas, além da falta de uma política governamental voltada especificamente para o setor. Investimentos em P&D necessitam de tempo para dar frutos. Na ausência de previsão para a aprovação de uma lei ambiental – instrumento indutor na formação de mercados para serviços e produtos –, por exemplo, empresas e universidades ficam impossibilitadas de planejar o desenvolvimento de projetos tecnológicos, que demandam tempo e recursos. Como exemplo, há o caso da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que ficou durante 19 anos – de 1991 a 2010 – em discussão no Congresso. Ao final de 2010 então, no espaço de alguns meses, o projeto de lei foi aprovado às pressas. Uma maior previsibilidade no processo de aprovação poderia ter dado tempo, para que pesquisadores e empresários locais desenvolvessem soluções tecnológicas, que hoje estão sendo compradas no exterior.
O desenvolvimento de P&D exige um horizonte econômico estável e perspectiva de demanda em tempo oportuno. Sem que estes fatores sejam mantidos, será difícil fomentar uma tecnologia nacional na área ambiental.
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