Grande parte da madeira extraída ilegalmente na Amazônia é transportada para São Paulo, onde é utilizada na construção civil. Visando reduzir o tráfico de madeira extraída ilegalmente em áreas de preservação, o governo do estado de São Paulo criou há alguns anos o programa São Paulo Amigo da Amazônia, através de uma parceria com a ONG Greenpeace. A iniciativa visa promover o consumo de madeira de origem não predatória e conta com a participação da Bahia, Acre, Minas Gerais e 41 municípios.
Em São Paulo, onde o programa já está em fase mais adiantada de desenvolvimento, foi criado o Cadmadeira, um cadastro voluntário de madeireiras, que comercializam somente material de origem comprovadamente sustentável. Estas madeiras são extraídas em áreas de manejo da floresta amazônica, operadas por empresas privadas, controladas pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). O Cadmadeira é composto atualmente por 225 empresas, um número ainda bastante reduzido, quando se estima que existam cerca de seis mil madeireiras no estado. Mesmo assim, 337 municípios paulistas, ao comprarem direta ou indiretamente madeira, só se utilizam de empresas constantes no cadastro Cadmadeira. A origem sustentável do insumo é garantida através do selo Madeira Legal, que – depois de vistorias periódicas da Polícia Ambiental e da Secretaria do Meio Ambiente – atesta que o estoque no pátio da madeireira está em acordo com os documentos de compra e venda. Participam da iniciativa Madeira Legal o governo e a prefeitura de São Paulo, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o Sindicato da Indústria da Construção Civil de Grandes Estruturas do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), o Sindicato dos Produtores Florestais Certificados da Amazônia (PFCA), além de organizações da sociedade civil e do setor privado.
Grande parte da sociedade, principalmente os grandes consumidores, ainda ignora como evitar a compra de madeira ilegal. Para isso, foram desenvolvidos cursos de capacitação de compradores e lançadas publicações que ensinam como evitar o uso de madeira ilegal. Para apresentar alternativas de madeira aos consumidores, estão sendo realizadas pesquisas, visando ampliar o leque de espécies de madeira tropical aproveitáveis na construção e em outros segmentos. O consumidor, com o tempo, terá que se adaptar aos novos tipos de madeira que serão destinados à construção, onde as aplicações são as mais variadas: 42% do volume das madeiras são utilizadas para a estrutura dos telhados das residências; 28% para andaimes e formas para concreto; 15% para os móveis; e 11% para forros, pisos e esquadrias.
O estado de São Paulo é o maior consumidor da madeira nativa da floresta – cerca de 5,6 milhões de metros cúbicos, representando 20% do que é extraído da mata. Deste volume, segundo estatísticas, entre 43% e 80% é constituído por madeira ilegal. Visando combater este tráfico, policiais estão sendo treinados para identificar e apreender estas cargas, com ajuda da tecnologia. No futuro pretende-se criar um sistema de rastreamento eletrônico do veículo, que permitirá refazer a rota do caminhão e verificar se parte da carga foi embarcada em serrarias de exploração florestal ilegal.
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