ENCONTRO DE AMIGOS FILOSOFOS NA “FEIJOADA FILOSOFICA” SABATISTA DA CLARETIANO - Zézinho Zanzini

(Um encontro criado e sacramentado pelos alunos de Filosofia da Universidade Claretiano na Cidade de São Paulo)


Por mais difícil que a vida é pintada, escrita e proclamada em suas dificuldades pessoais, independente dos modismos, dos entraves e dos avanços sociais que continuam fazendo do homem uma personificação social pessoal e particular, levando a cada hora, dia e tempo infinito a caminharem para seus objetivos e sonhos sem a parceria coletiva e sem a força de parceiros que caminham juntos ou caminharam em seus desafios, acabamos deixando de lado a tradição cooperativista que atravessou gerações, na busca do sucesso e do bem estar.

Porem, quando vemos e sentimos que o materialismo, a ganância, o individualismo impera nos centros sociais modernos, surge isolada uma célula de amigos filósofos, que deixaram o titulo de “Café Filosófico” e resolveram no ano de 2007 dentro da universidade que estudaram, criar a “Feijoada Filosófica”, menos formal, com a “caipirinha”, mais discursiva, mas não menos elegante e charmosa, pelo nível de homens que fazem dessa mesa a combinação do passado, do presente e de um futuro muito metafísico na alegoria moderna, dentro da entrega da teologia de Santo Agostinho.

Na comunicação via e-mail do Professor e Filosofo Ricardo Rose, abre-se o leque do convite no dia e no sábado da reunião, e tudo vira uma antecipação palestriva antes dos palestrantes chegarem, com a idéia chegando ao Prof. Alberto ( nosso “Deus” supremo ), Prof. Betinho, Prof. Betão, Prof. Julio, Prof. Tadeu, Prof. Luis Eduardo, Profa. Walkiria, Prof. Wagner, Palestrante e Seminarista Elcio, e por fim o Prof. Zezinho Zanzini.


Tudo como alunos que aguardam o professor entrar na sala de aula, as discussões acaloradas no estilo política, foram acontecendo até o momento derradeiro do encontro. Muitos sorrisos, abraços e beijos, até porque “Deus” na forma humana do Prof. Alberto estava presente, num titulo recebido em uma dessas nossas feijoadas em 2008, motivo mais que suficiente para que o Prof. Ricardo traçasse uma paralela de atitudes teológicas e acontecimentos com o Cristo em relação à presença do Prof. Alberto, gerando gargalhadas e sorrisos entre os filósofos sempre muito acéticos a verdade religiosa.

E assim chegaram os amigos filósofos e parceiros das mesas da “Feijoada Filosófica” de tantas já acontecidas e essa não seria diferente, formada pelo Prof. Ricardo, Elcio, Zezinho, Betão (Deus), Julinho, Eduardo e Betinho. Nem bem sentávamos a mesa, as reflexões em torno da filosofia se faziam presentes e como sempre acontece em todas as reuniões da “FF”, os encontros de pensamentos vão tendo consistência, e descubro em minhas palavras a preocupação da maldade da alma Platonista que consiste no “não-ser”, uma criação de algo do bem, ou seja, uma criação de um ser perfeito, faltando à perfeição, sem desvios de vontades, descoberta pela fé dos filósofos teológicos, enxergando Jesus.

Diferentemente de nossa época em comparações com o homem extraordinário de hoje que faz de sua vida um exemplo para valorizar num grupo pequeno as coisas que terão registros eternos, dissipando duvidas, abusando do conhecimento, buscando na sua inteligência aquilo que esta arquivado para que possa ultrapassar o materialismo e a vontade apenas do fazer , proporcionando um ambiente de experimentação da “FF”, de expressão cultural, filosófica, social e de empreendedorismo em um ambiente agradável, tranqüilo, atraente e organizado por seres que buscam os questionamentos.

Não poderíamos ver, ouvir e sentir o esforço das teorias mecanicista e teorias da complexidade que cada um de nós procura se esforçar para darmos a nossa humilde contribuição. Isso me fez lembrar-se de quanto o Prof. Betinho, pela primeira vez em 2007, ainda calouro de Filosofia na Universidade e fumando que nem gente grande questionou o relógio do tempo.

Aquela coisa derivada de René Descartes que trouxe a visão de que o cosmo poderia ser entendido como um relógio. A natureza seria uma máquina, onde bastaria desmontar as peças e entendê-las para compreender o todo, uma vez que não damos conta do tempo e de como o tempo acontece com tanta rapidez. Então o Prof. Eduardo, questionou, porque não seria algo voltado a física quântica?

Enfim o que vemos hoje, é que encima do pensamento daquela feijoada filosófica e daquele ano, o sistema educativo ainda vivencia essa prática muito cartesiana, fragmentada na realidade, simplificando o complexo, separando o que é inseparável, ignorando a multiplicidade e a realidade daquilo que vemos, mas que não aceitamos como filósofos. Questionamos essa visão de mundo mecanicista. Acreditamos com nossas duvidas, que uma teoria da complexidade sempre ira no sentido oposto, investigando a relação de cada parte dentro dessa totalidade e a influência dessa totalidade em cada parte, dando ênfase às interações existentes entre elas, mas não podendo deixar para trás, que anos já se foram e nem nos demos conta desse espaço e desse tempo tão rápido, acontecido na vida de todos.

Vivemos a partir de nossos graus conseguidos, o próprio holismo. Enfatizando a preservação da vida e de conhecimentos adquiridos a partir do estudo de problemas e não da intervenção, como na visão mecanicista que citei acima. Sabemos que o pensamento holístico defende uma visão de mundo interligado e interdependente, sair da percepção individualista para uma percepção coletivista da vida, levando em conta a complexidade da nossa sociedade, nos faz buscar uma percepção mais que local e prazerosa, nos remete a um universo infinito de discussões e oportunidades, que coloca pessoas tão próximas em pensamentos que as cabeças se tornam apenas uma.

Em tudo, que poderemos sempre ver, é a diferença notável da dúvida metodológica que levada ainda mais longe por cada um nessa mesa questionativa da “FF”, inclui uma hipótese desse mundo de demônios, malignos e onipotentes a criar o terror e fazendo o bem. Onde nos colocamos nesses conceitos? Se acreditarmos que poderíamos fazer com que todas as coisas que alguém pensasse existir fossem apenas ilusões!

Então chegamos ao foco principal de todas as nossas duvidas e de todos os nossos questionamentos que serão para sempre infindáveis, uma vez que podemos duvidar da natureza do espírito humano, de Deus e da metafísica, de que Ele existe; da verdade e do erro, da essência das coisas materiais, da existência das coisas materiais e da verdadeira distinção entre alma, espírito e o corpo do homem a se desfazer sem que o mesmo sinta. Aprendemos nestes anos que muitos cientistas se opuseram a idéias como essa, defendidas por Descartes, inclusive o teólogo Arnauld, o filósofo inglês Hobbes e o matemático e filósofo francês Gassendi.

Quando Descarte tomou conhecimento, das criticas e não concordando, rascunhou respostas de certo modo irritadas e relutantemente respondendo a seus críticos de maneira severa. Então quando nos vemos em uma mesa, comendo o prato mais conhecido no Brasil, alimentando com prazer o corpo e ao mesmo tempo a alma, e sabendo que nossos assuntos um dia foram questionados até em tom irritativo por um Descarte, apenas podemos nos sentir felizes, por essa oportunidade única que acontece em nossas vidas, uma vez que a próxima oportunidade será diferente. “a mesma água, não passa no mesmo lugar duas vezes”.

Finalmente os conflitos pessoais, que também são fruto desta crise de percepção da humanidade e porque não dizer da filosofia, vão sendo debatidos e discutidos pelos sete personagens, que notam que embora tenham noção de como o mundo deveria ser, não conseguem implantar suas teorias em suas próprias vidas, motivos de nossas insatisfações. E isso nos remete às nossas próprias dificuldades, enquanto professores e educadores, de assimilar esses novos paradigmas que são sistêmicos, que afetam-nos de maneira geral, e dificulta colocá-los em prática, o que implica uma transformação total de nosso modo de ser e de agir.

Zezinho Zanzini busca integrar política com a visão de mundo proposta por Ricardo. Ele, por sua vez, apesar de discorrer de maneira espetacular como os sistemas se integram, não consegue manter uma relação saudável com a própria filosofia do Betinho e Betão (Deus) sempre com argumentos que geram mais opinião e conceitos filosóficos na assistência de Julinho e Elcio na parcimônia do Eduardo, sempre contencioso. Não procuramos ter idéias brilhantes, mas a que temos, queremos compartilhar! Somos como vozes que gritam no deserto, voltadas para um mundo real a tentar conviver com as adversidades presentes.

A vida sente a si mesma e é maior que teorias que a condensam em um relógio ou um sistema cujas partes se interligam, cujo objetivo é defender um modo de vida integrado filosoficamente, porém provido de essência, porque a vida não se resume a uma máquina e nem a uma rede de conexões, existe algo bem maior que é esse fruto da convivência humana, da vida em comum, a reunir amigos de vários pontos da imensa cidade, num restaurante num bairro, para almoçarem e discutirem filosofia, dentro de um ponto de mutação na força de vontade de querer ver algo diferente para não continuar sempre com os mesmos modelos. Mostrando quanto todos juntos ali naquela mesa, um momento cartesiano que existe em cada um de nós, travando uma batalha puramente de visão holística entre uma colherada de feijão preto com arroz e farofa, um dos vários pedaços de carne do porco e lingüiça, na talagada providencial, da eterna e satisfatória digestiva, união da cachaça, limão e açúcar, conhecida como: caipirinha brasileira, acompanhando a Feijoada Filosófica.


JOSÉ LUIZ ZANZINI ( Zezinho )

Professor de Filosofia e Sociólogo.

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